Dizer que não... - .

26 maio 2011

Dizer que não...

As coisas estão mesmo a ficar difíceis e as famílias portuguesas que o digam! Tenho-me apercebido das (muitas) dificuldades que os meus alunos têm para comprar um livro ou ir a uma visita de estudo. Procuro estar atenta e tenho procurado soluções sempre que me apercebo. Lanches, almoços, sapatilhas e roupa, dinheiro para uma visita de estudo, não tem sido difícil e procuro resolver as coisas sempre sem dar nas vistas.
Mas hoje uma mãe veio até mim e pediu-me emprestado 250 euros. E eu fiquei embasbacada, de todas as cores e sem saber bem o que dizer. Disse-lhe que ia pensar, mas  lá no fundo, eu já sabia a resposta.
A verdade é que  eu não posso começar a emprestar dinheiro a pais dos meus alunos. 
Há minutos disse-lhe ao telefone que não podia. E expliquei, com a cabeça à roda, e a sentir-me egoísta até mais não. 
Depois do telefonema ter terminado, as lágrimas corriam-me pela face...Os meus petizes ficaram aflitos, abraçaram-me e eu só lhes conseguia dizer que  a mãe não tinha ajudado uma pessoa. E acrescentei  " Temos tanta sorte!".
Estou tristíssima por não ter ajudado, mas sei que começar a emprestar dinheiro pode não ser a solução... Vou estar atenta e ajudar a família o máximo que eu puder, mas hoje tive mesmo de dizer não. Vocês emprestavam?




28 comentários:

  1. Sinceramente fazia o mesmo que tu. Por muito que custe não te podes por a emprestar dinheiro a toda a gente ou quem fica aflita és tu. Imagino o quanto te tenha custado mas acho que fizeste bem.
    e também fazes bem em ver se podes ajudar essa família de outra maneira, recorrendo a outros recursos, outras ajudas.
    Beijo grande

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  2. Que situação! Acho que tomaste a decisão mais acertada, mas compreendo que te sintas mal. Estou solidária contigo, acho que devemos fazer o que podemos pelos outros, mas tudo tem limites.
    Beijinhos!

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  3. Querida Sofia, tomaste a decisão acertada. E não tens que te sentires culpada, tu não és um banco, nem uma agiota, és simplesmente uma professora!

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  4. Acho que fazia o mesmo que tu. Ajudas quando, como e se puderes.

    ;)

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  5. Uma situação difícil Sofia, dizer não nestes momentos dói-nos a alma e faz-nos sentir o peso do mundo nas costas, mas penso que tomaste a decisão certa.
    É verdade que nos tempos que correm há muita gente a enfrentar dificuldades até para o mais básico que é fazer três refeições por dia e por isso mesmo agradeço todos os dias por tudo o que tenho. Força!

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  6. Acho que foste muito corajosa! Acredito que a vontade fosse emprestar, mas realmente não seria solução...não podes emprestar dinheiro a TODOS os que precisam. O teu dever é ajudar de outra forma e aí fazes aquilo que podes. Dorme descansada :)

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  7. Minha querida Sofia, na minha perspectiva tem de haver limites para tudo e pedir dinheiro emprestado à professora do filho acho de um abuso tremendo. Desculpa a frontalidade mas é demais! Quando uma pessoa precisa de ajuda pede às pessoas que lhe são mais próximas e se precisa mesmo de ajuda existem outros tipos de ajuda. Não fiques triste porque tu já ajudas muito. Eu também não emprestava.
    Muitos beijinhos

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  8. Apesar do coração apertado (que tenho a certeza que também teria se me acontecesse) acho que a solução também não passaria por ceder. É verdade que muitas famílias estão em dificuldades e os professores têm uma noção bastante concreta dos problemas, mas daí até emprestarem dinheiro aos pais acho que vai uma distância muito grande! Acho que devemos fazer o que podemos, mas sei que nem sempre é o suficiente:(
    Eu também me sinto grata por tudo o que tenho e quando leio situações assim, ainda mais.
    Beijos e força!

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  9. Fizeste bem claro!
    Já é mto bom puderes ajudar com as outras coisas, dinheiro é demais.

    Bjo
    Maggie

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  10. Não deve ter sido fácil, mas tal como já foi dito, acho que tomaste a decisão acertada.

    Lembras-te daquele post que fiz há algum tempo acerca de emprestar dinheiro? Eu tive pena, emprestei, a "amiga" entretanto afastou-se e eu fiquei a arder numas centenas de euros :(

    Bjinhos grandes querida**

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  11. Eu teria feito precisamente o mesmo, mas era capaz de perguntar se o dinheiro era para comer, se fosse, teria dado algumas coisinhas de comer tipo mercearia, leite... sei lá!!!

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  12. bem, nem imagino como te deves ter sentido, nunca me aconteceu tal coisa na vida mas imagino que o peso psicológico deve ser enorme.
    acho que tb não o faria, por mt q custasse horrores dizer que não, e saber que os miudos se calhar passam fome ou outras necessidades básicas.

    mas primeiro para ela te pedir uma quantia dessa, quer dizer, não é 10 ou 20 euros para comprar algo para o jantar, é um montante tao elevado q dificilmente poderia pagar de volta. talvez tenha alguma divida, ou dividas.
    mas mesmo que isso não fosse o mais importante, e não fizesses questão, claro que não poderias andar a emprestar ou a dar dinheiro a todos os que precisam, q com certeza são mts.

    espero que consigas se possível ajudar de outra forma, nomeadamente tentando falar com os miúdos (são teus alunos? os filhos dela?) e perceber se há alguma situação de fome ou necessidade (roupas, alimentos) q possa ser suprida de outra forma.

    coragem!

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  13. Foi a decisão acertada! Sei que doi, mas não se podem misturar as coisas! Tens razão! Temos muita sorte!

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  14. A decisão foi acertada. Se há pessoa que ajuda os outros, essa pessoa és tu. Se há pessoa que não é egoísta, és tu. Também sei que gostas muito dessa família e vais arranjar maneira de os continuar a ajudar.
    Beijos

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  15. Confesso que até fiquei angustiada ao ler o post. Mas a verdade é que agiste bem. É lamentável. E depois ainda ouvimos na tv a dizerem que as pessoas devem poupar. Poupar no quê? Se nem chega para as despesas mínimas. É absurdo. Completamente.

    Beijinho*

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  16. Eu imagino o esforço que essa mãe teve que fazer para te pedir o dinheiro emprestado... No entanto, julgo que, muitas vezes, o gerem mal e daí vem grande parte da dificuldade. No início do mês, compram de tudo e mais alguma coisa (é ver famílias carenciadas com os carrinhos cheios de bolachas e refrigerantes) e depois não dá para mais nada... Mas fizeste muito bem! Nunca me aconteceu tal coisa... E imagino o que te deve ter custado, ainda mais se a real situação dessa família for diferente das que descrevi aqui! Bjito

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  17. Custa muito dar esse passo, mas com ele evistas-te quiçá muitas complicações; o meu pai já se meteu em alhadas muito (muito) grandes por querer ajudar...da ultima vez ficou a arder com uma quantia enorme de dinheiro...e mesmo assim ele continua a ter dificuldade em dizer "não", porque tem pena...

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  18. É um dilema muito complicado. Nunca ficamos satisfeitos com a solução que lhe damos.
    Numa situação (cuja base é irrelevante ) emprestei 1000e a um amigo, a verdade é que já lá vão 2anos e a devolução (que até poderia ser faseada) nunca chegou a acontecer. Depois como lidamos com isto? Dizemos à pessoa que tem de pagar o que deve seja de que maneira for? Fazemos má cara quando sabemos que essa pessoa gastou 50e desnecessariamente quando o valor podia ser usado para pagar parte da divida? quantos 50e já foram gastos "desnecessariamente"? O "pago-te logo que possível" é muito relativo... Podia não ter emprestado, é um facto... mas emprestei. Ajudei alguém que precisava numa altura difícil, quanto a isso poderia dormir descansada. Mas ajudei realmente? ou facilitei? não terei piorado a situação?... outras duvidas surgem, seja qual for a nossa decisão. Agora quem lê pensa "ah mas também emprestaste a qualquer um levaste calote", esclareço que era uma pessoa completamente idónea e que podia ser um de "nós". Podemos estar dos dois lados... Este bla-bla todo para dizer: apenas temos de assumir o que decidimos e gerir os impactos dessa decisão, fazemos o melhor que podemos e sabemos!

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  19. Minha querida, vou tentar ser breve: quando a pequena-maior estava internada partilhei aquela enfermaria com outras mães. Uma delas, mais nova que eu era mãe de 4 filhos. Educada, jovem, bonita. Depois da alta recebo um SMS a pedir dinheiro para comprar comida para os filhos. Eu, debilitada de tudo o que tinha passado e porque conhecia os meninos emprestei. 90 euros. Sabes porque os recuperei 7 meses depois? porque não foi ela quem pagou, mas o amante que eu tinha descoberto.
    Depois disto...não emprestava, continuava sim atenta a ver se podia ajudar as crianças (com comida, roupa) mas dinheiro não.
    És linda sabias?

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  20. Querida Sofia,
    Foi uma decisão dura mas acertada. Não fiques triste, podes sempre tentr perceber outra falha que tenha a familia e ajudares de outra maneira.
    És um coração doce.
    Bj**

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  21. Autora, tu apesar de tudo ainda tiveste mais sorte que eu e que a Patrícia...

    E sim Sofia, és linda e um doce de pessoa, muita sorte têm os teus alunos por te ter como professora.

    Beijinhos a todas**

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  22. não.
    É para quê? Gastar no quê? Comida? Não tem trabalho? Esta a procura?
    Acho que são muitas as variáveis. Mas não é mesmo solução, hoje 250 amanha 300 e por ai a fora.
    Quem tem de ajudar é outra entidade

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  23. Depende.. Depende das condições da senhora... se é mesmo pobre realmente... sabes que há gente que se pode fingir e querer o dinheiro para outras coisas. Penso que não seja o caso da senhora.
    Eu talvez emprestasse, dependia também do meu humor e da minha situação económica.

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  24. Que cena!! Realmente não é facil! Eu faria o mesmo que tu!! Fizeste o mais correto ;)

    * Beijocas

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  25. Acho que é a atitude adequada, dada a situação. Depois há sempre aquele sentimento de dúvida, como quando nos pedem dinheiro no Metro... é difícil, até por haver crianças envolvidas mas a L.H. tocou num ponto importante. Provavelmente essa criança passa sem um pequeno-almoço de jeito, mas não passa sem telemóvel...

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  26. tb acho que foi a decisão mais acertada, há muitas pessoas a mendigarem e aterem vidas boas, esta crise que estamos a passar apesar de afectar a nível económico ( e mto) acho que é mais uma crise de valores e mentalidades....há pessoas a irem buscar alimentos a intuições e depois comentam " é só porcaria que me dão, venho carregada para depois deitar fora metade do que dão, ás vezes nem os detergentes prestam..." ouvi de uma família de mãe solteira com duas filhas menores.....assim como vejo na Tv lamentos de pessoas com casas ( e mobílias) melhores que as minhas, ok podem ter sido a crédito mas lá está temos que viver com o que podemos não com o que queremos.

    são exemplos que dei e daquilo que me faz pensar dos tempos que vivemos, não quero com isto julgar ou equiparar essa mulher que de certeza deve de estar desesperada para fazer esse pedido á professora do filho, e sim fazes bem em estar atenta....pelo criança principalmente.

    Gostei bastante do blog....vou voltar (¨,)

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  27. Dificilmente emprestaria (só se fosse a alguém muito chegado a mim e por um muito bom motivo). Desde logo porque é uma quantia substancial em qualquer orçamento e, depois, porque o empréstimo não seria a solução do problema. A tua melhor ajuda é o acompanhamento que podes dar ao filho. Mas que é uma situação que cria angústia e sentimentos controversos. Penso que tomaste a melhor decisão.

    bjo

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  28. Admiro a sua vontade de ajudar, mas acho sinceramente que, e falo enquanto professora, há que impor limites na nossa relação com os alunos e respectivas famílias (por muito boa que essa relação seja). Emprestar dinheiro está francamente fora desses limites. O professor pode é encaminhar, informar, alertar as entidades competentes. E eu posso falar pq dou este ano aulas numa escola TEIP onde os professores têm mesmo de ter noção que estão lá para ajudar os alunos mas sem ter a veleidade de achar que resolvem os seus problemas pessoais e familiares. Senão num mês estavam de baixa psiquiátrica. E acho que a ideia é mantermos a nossa saúde mental num nível aceitável...

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